domingo, 20 de junho de 2010

.foco

Estou na entrada do Palácio Anjos, à espera de uma preciosa e fiel amiga para um café. À minha esquerda tenho a entrada principal, o terminal dos autocarros, a estação do comboio, o terminal do eléctrico, a bomba de gasolina, fumo, buzinas, travagens bruscas, gritos, posso ouvir e cheirar toda a poluição. À minha direita tenho o palácio, o jardim, a esplanada, os pássaros, as famílias que aproveitam o sol tímido que podemos ver, reflectido em cada centímetro deste espaço, os velhotes que jogam cartas, posso ouvir e cheirar toda a natureza. Tenho duas realidades opostas que se encontram e confrontam exactamente no ponto onde eu estou. E eu estou a admirar a natureza. O barulho na estrada é muito maior, a agitação é completamente inquietante, mas eu hoje, aqui e agora, escolho maravilhar-me com a natureza. O que faz de mim o que sou não é o que me rodeia, mas a minha decisão de focar na estrada ou no jardim. E hoje, estrada, desafio-te. Venham acidentes, trânsito, buzinas, eu não tenciono sequer olhar. Hoje o jardim é meu, os pássaros vieram cantar, para mim, Deus está aqui, e eu quero ouvi-Lo.

3 comentários:

Nuno disse...

Por vezes a simplicidade é a mais pura das belezas. Deus faz milagres quando te põe uma caneta entre os dedos.

Mi disse...

Ainda dizias q não tava nada de especial????
C'mon!! Não sejas tão modesta... =D
Está muito fixe, parabéns!!
Continua, estás marcada aqui no meu browser.
There's no way I can forget you =)

SaintBroken disse...

Escolhes as palavras ao milímetro. Uma arte que uma cirurgia qualquer não consegue alcançar. Sem dúvida, um texto singular. ^^

Beijos