quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

.direcção errada

 
Foto: Verónica de Sousa

Pisando a sinceridade
mostrava uma falsa inocência;
nem eu conhecia a verdade!
A Mentira era a minha cidade,
o Egoísmo, o meu mundo em decadência.
O meu lar de indecência
era a própria Desonestidade.
Achava que tudo estava certo
Achava que tinha razão
Não compreendia a confusão
Não fazia sentido estar tão perto
de toda esta destruição.
Não compreendia tanta frieza,
tinha o caminho totalmente escuro.
Tentei avançar.
Percebi com tristeza
que na minha frente tinha um muro
escondendo de mim o meu futuro,
tirando-me uma última réstia de beleza,
e impedindo-me de sonhar.
Já não sabia o que fazer.
Não conseguia ter paz.
De repente fez-se luz,
eu tinha que voltar atrás!
Nunca soubera recorrer
ao maravilhoso Guia que me conduz.
Parei um pouco e olhei para a estrada.
Passara anos a lutar e sofrer
percorrendo o caminho certo,
na direcção errada.

.passo em falso


Foto: Verónica de Sousa
O caminho é longo.
Verifico se tomei todas as precauções
para poder percorrê-lo sozinha.
O orgulho controla as minhas acções.
Não quero ouvir outras opiniões
só quero saber da minha.
Ajo em função de um orgulho cego
Quero sozinha combater esta batalha
e quero fazê-lo sem uma falha
para poder alimentar o meu ego.
Começo a minha caminhada
deixando o mapa para trás.
Sou uma presa fácil para qualquer predador.
Sem perceber como, sou apanhada
por algo cujo único desejo voraz
é ver-me desesperada,
agoniada pela dor.
O chão em chamas gela os meus pés
A pouca água que resta seca-me a garganta
Um passarinho à minha frente não voa nem canta
mas arrasta-se, chorando enquanto pergunta:
"Mas quem é que tu achas que és?!"
Percebo o mal que fiz
Prejudiquei toda a gente
Pensei que ia ser feliz
Com o plano que tinha em mente.
Mas Ele vem, o meu Guia,
e traz consigo o abençoado mapa
Não critica a minha rebeldia
Envolve-me na Sua doce capa
Perdoa-me, vendo o meu arrependimento
traz-me paz e alegria
no entanto, um aviso.
Começo a andar num passo mais lento
faço uma pausa que me alivia.
Não voltarei a esquecer-me do que preciso.
Olha para os meus pés, enquanto me descalço.
"Avança com ousadia;
no entanto, tem cuidado.
Tens um predador derrotado
à espera do teu próximo passo em falso."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

.luz nas trevas

Era legível segurança no meu olhar
Milhões de luzinhas iluminavam o meu caminho
Eu tinha tudo controlado, sabia o que esperar
Pensava que sabia com o que contar
Quando pisei o primeiro espinho.
Por um momento vacilei.
Uma das luzinhas apagara
Impedindo-me de ver o espinho, quando o pisei.
Aquela zona já não era tão clara
Tornava-se mais difícil caminhar.
A escuridão tornava aquele lugar inseguro
O medo sufocava-me, abafando o meu cantar.
Respirei fundo, dei mais um passo.
Pareceu-me ver tudo mais escuro.
Olhei à minha volta, observei aterrada
Que aquele já não era o mesmo espaço
Tudo estava diferente, nada era igual
Nada era estável, nada era seguro
Outra luzinha estava agora apagada
Começava a ver as coisas a correrem mal.
Pestanejei num momento.
Quando abri os olhos tudo estava escuro
À excepção de uma luzinha de cristal
Que se mantivera acesa durante todo este tempo.
Avancei para ela em busca de refúgio
Não tinha como ver o caminho
Aquela luz era a minha única referência de segurança.
Por muitas vezes escorreguei.
Olhando para trás, via tudo luminoso, via esperança.
A cada passo, um novo espinho.
Queria voltar atrás, mas continuei.
Sentia-me sozinha, avançava devagarinho.
Completamente ferida e esgotada
Finalmente cheguei.
Aquela luz iluminava a estrada
Iluminava o mundo
Iluminava o meu coração.
Abracei-a por um segundo
Estava feliz e transbordava gratidão.
Mas num momento tudo mudou.
O que eu mais temia aconteceu
O meu coração parou
Aquela luz desapareceu.

Fiquei sozinha, perdida na escuridão
Olhei para dentro de mim
Vi o meu egoísmo, compreendi a sua dimensão
Fiquei estática, horrorizada,
Não me conhecia como sendo assim.
Ao perceber isso, e ao pedir perdão
Foi como se fosse purificada.
Uma luz maior que todas as outras acendeu
Eu estava pela primeira vez em segurança
Na insegurança do lar que Deus me deu.