terça-feira, 15 de junho de 2010

.sobre as águas

Insististe para que avançasse sozinha, irias lá ter
Na altura não percebi o motivo, confesso.
Tive que ultrapassar obstáculos, sem experiência nem saber
Pensei que me tinhas esquecido, que já não me irias proteger
Faz a Tua vontade em mim mas não me abandones, é só o que peço.
Conquistando os meus sentidos, o medo invade cada parte de mim
Respiro-o e dou-lhe as boas vindas, numa bebedeira de pavor
Já não penso com clareza e sinto que foi tudo longe demais
Ainda assim, brindo ao anunciar de um possível fim
E bebo, de um trago, ensaiando meia dúzia de palavras finais
Se não resolver nada, pelo menos alivia esta dor.
Afectada pela tempestade, tento não atingir nenhum rochedo
E é nisto que Tu chegas, sobre as águas, inesperado.
Sabia que virias, mas a forma da Tua chegada era ainda um segredo
E eu, sem Te reconhecer, tenho (tanto) medo
Até que Te revelas, e chega a ser ridículo o meu olhar assustado
Com a Tua identidade, a minha falta de fé é revelada
Porque Tu cuidas, e Tu sabes, e eu não avancei 'sozinha'.
Ao contrário do que pensei, não era a única na estrada
Posso agora ver em cada situação a Tua pegada
Grande, firme, sempre junto à minha.
A Tua grandeza é tão única que fascina
E eu desejo juntar-me a Ti e experimentar esse poder
Deixas-me avançar, supero o vento que o meu sonho desafina
Já sobre as águas e vendo as ondas, chega uma dúvida clandestina
Que rouba a aparente fé que eu até aí conseguira manter.
O que temia torna-se real, e sou arrastada para o fundo
Sufocada por circunstâncias, acabo submersa no vastíssimo mar
Eu sabia (e sei) que na palma da Tua mão está o mundo
E avancei confiante, até duvidar. uma fracção de segundo.
E foi esta dúvida (não a tempestade) que acabou por me afogar.
O meu futuro não depende do que me rodeia
Não está assente em vitórias ou em mágoas
Cada um colhe o que semeia
Perdoa-me, Pai, é nisso que este poema se baseia,
Porque ainda não tive fé suficiente para andar sobre as águas.


Mateus 14.22-33 'Jesus anda sobre as águas'
      22Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.  23Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.  24Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.  25À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.  26Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.  27Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.  28Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.  29Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.  30Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.  31Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?  32E logo que subiram para o barco, o vento cessou.  33Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.

Sem comentários: