quinta-feira, 18 de junho de 2009

.debaixo dos destroços

Faz-se silêncio.
Será que acabou?
Afogada em dúvidas
E sem a capacidade de duvidar,
Respiro incerta a certeza de que tudo parou.
Não há o mais leve oscilar.
Penso e existo devagar
Sem pressa, sem preocupações,
Tudo está dependente de decisões
Que não me cabe a mim tomar.
Agora é certo,
A tempestade passou.
Acabou, finalmente, o que outrora esteve tão perto.
Resto eu, soterrada, num sítio deserto,
Debaixo da minha vida, que com a tempestade desabou.
Não sei onde estou
Não me consigo mexer
Não sei o que fazer
E desisto do que sou
Porque sou apenas o que não quero ser.
Recordo.
Cada momento de felicidade que nunca existiu
Cada refeição e o silêncio à volta da mesa
Cada grito, cada gesto nesta discussão sempre acesa
Cada promessa por cumprir nesta mentira que nos consumiu
O conformismo vergonhoso. Até o gigante fugiu!
A vontade de lutar de uma criança indefesa.
Recordo.
Os "tais" velhos tempos
A minha busca incansável pela ataraxia
A crença cega numa utopia
No eterno parar dos ventos
Num momento de cortesia
Num momento que ultrapassa os "tais" momentos
Mesmo sem acreditar que esse momento chegaria.
Recordo.
O outrora sorriso meu;
Distantes, abraços nossos
Num mundo apenas meu e teu.
Agora, o meu corpo,
Pouco mais que pele e ossos,
Morre na mentira em que sempre viveu
E quando o sofrimento enfim o esqueceu,
Jaz e repousa debaixo dos destroços.
E faz-se silêncio.

4 comentários:

not a person disse...

wow
serio só é mau o porquê.
De resto pra mim este é... O MELHHOR

Giggles disse...

faz-se silencio.. tenho a certeza que acabou o afogar de duvidas jamais memoraveis no esquecimento.
tenho a certeza que a conclusao nao é o um fim mas a abertura de novos momentos que agora existirao em cima da tempestade que ele acalmou em mim..
em cima dos destroços que ele me desenterrou..
faz-se silencio mas eu tenho a certeza que nao acabou!!

Neo disse...

ilusão vs desilusão?

não sei que diga...
hoje algo me puxou novamente para este blog do qual sou um seguidor e fã.
gostei das metáforas e do cheiro a tempestade e pó dos destroços.
após cantar em plena tempestade, porque não observar um belo dia de sol que aparecerá?

'Resto eu, soterrada, num sítio deserto,
Debaixo da minha vida, que com a tempestade desabou.
Não sei onde estou
Não me consigo mexer
Não sei o que fazer
E desisto do que sou'

existe. é uma bênção. é incontornável e basta. existe. é algo. e (não a(te) conheço mas pelo que leio é(s) muito.

conforta-me vir a este blog.
gosto de aqui passar.
sinto-me bem.
vejo realidade quando o meu domínio e do meu blogue é mais do sonho.
já agora agradeço o comentário que deixou(deixaste) da outra vez no meu blog Dreamer's Division.

obrigado pela realidade.

Djibs disse...

Este poema esta ao nivel dos outros,se nao é o mais triste esta la perto,apesar de muito triste eu gostei.
Eu sou um seguidor dos teus poemas e sempre vejo neles muita tristeza e o meu desejo é que o final dessa tempestade te traga inspiracao para que escrevas um poema mais alegre e com mais esperança, pelo menos um.
Este poema esta lindo como todos os outros,espero que nos continues a deliciar com essa tua escrita fantastica.